sábado, fevereiro 24, 2007

E assim se passaram quatro décadas


22 de fevereiro. Num piscar de olhos acordo com 40 anos nas costas e uma trajetória pessoal que mais parece um sonho (às vezes pesadelo). Só de jornalismo lá se vão mais de 16 primaveras, desde que Sergio Botelho me deu a primeira chance no universitário “Dois Pontos”. Depois O Norte e A União. Antes dos impressos passei pelo rádio, como operador de áudio na gloriosa Constelação FM de Guarabira e na Correio FM (a elitista “Classe A”).
Hoje o jornalismo é apenas o lastro profissional que me levou ao serviço público. É também o canal de tentar organizar uma categoria que nem mais se reconhece como tal, através de um sindicalismo caricato, sem conteúdo e com vazio de sentido. Diante disso tudo me pergunto: porque escolhi essa profissão? A resposta é óbvia: foi a profissão que me escolheu. Claro! Quando se nasce em Guarabira, numa família como a minha, não se pode escolher muito. É pegar ou lagar!
Foi tia Neves que me ofereceu as primeiras opções: loja de tecidos ou Rádio Cultura, e logicamente peguei a opção dois. Alguns meses depois já estava pilotando a mesa da rádio brejeira madrugada adentro. Dali pra Constelação foi um pulo. Com a carteira assinada, mudei os últimos dois anos do “científico” para aulas noturnas no velho e bom Estadual. Quando chegou a hora do vestiba, outra vez a escolha foi fácil: Comunicação Social. E lá vou eu de uma vez por todas morar na capital. Nunca mais voltei pra cidade que me pariu!
Quarenta anos passam rápido e se não fosse uma artrose de quadril, conseqüência da anemia falciforme, diria que estou “na flor da idade”. Mas, diferente da energética juventude, sinto nos miolos aquilo que os coroas chamam de “maturidade”, que nada mais é do que o acúmulo de experiências (alegrias e frustrações) que vivenciamos a cada dia. Acho que casei (e fiz filhos) cedo, aos 24 anos. Hoje teria deixado lá pros 35, olhe lá... Quatro décadas, quatro filhas! É muito, prum cara que se achava esperto, moderno e calculista. Não há de que se arrepender: vale a lição pra posteridade.
Além das herdeiras, os anos são bons também pra medir as amizades. Depois de tanto tempo, não acumulei amigos que se contasse nos dedos das minhas duas mãos. Com o passar dos anos fui me tornando mais cético e exigente com a amizade e com o amor (por tabela). Gente, quanto mais se torna íntimo, mais se decepciona (ou se apaixona, por outro lado). Eu tenho poucos em quem realmente posso contar, mas os que tenho são de qualidade. Agora, a impressão que me dá é que os amigos dessa época são os definitivos, mesmo porque não haverá mais tanto tempo para se estar experimentando com os seres humanos.
Finda a juventude, que venha a maturidade (ou a “melhor idade”, como queiram). Estou pronto e grato a Deus por alcançar este estágio de vida. Falta consolidar alguns projetos: casa própria, outras plagas, estabilidade financeira etc. E ver os frutos darem frutos!