Comunitários ouvem o governador (Fotos: Vanivaldo Ferreira/SECOM) |
A audiência popular convocada pela equipe do Orçamento Democrático Estadual para o último dia 02, no Colégio Municipal Fenelon Câmara, no Conjunto Geisel, para discutir o "projeto de segurança pública da região", com a presença do governado Ricardo Coutinho e do Secretário Claudio Lima, foi um verdadeiro "tiro no pé" para os organizadores do evento.
Mesmo com uma presença tímida dos moradores locais, a maioria das falas populares apontou pela rejeição aos equipamentos de segurança pública que o governo pretende instalar no terreno disponível na entrada principal do bairro. Para a grata surpresa dos presentes, segmentos diversos do Geisel apresentaram propostas diferenciadas das duas que estariam em jogo - inclusive o shopping center -, como a construção de uma central de serviços de cidadania, com agências bancárias, posto dos Correios e outros serviços diretamente direcionados às demandas antigas daquela localidade.
Alguns moradores também aproveitaram a oportunidade para pedir ao governador que leve para o Geisel uma unidade de saúde, tipo UPA. Noutras intervenções, cidadãos que moram hoje vizinhos ao terreno em disputa registraram seus receios em terem que passar a conviver diariamente com uma academia de polícia onde ocorre a prática de tiros em stands para treinamento de policiais.
O argumento do governo de que o equipamento diminuiria a violência crescente na região também não convenceu muita gente. Moradores lembraram que a delegacia que funcionava no Geisel (4ª DD) está fechada há oito anos. A Acadepol, em Mangabeira, também não fez diminuir a violência naquela região, é só lembrar que a Academia e a Secretaria de Segurança ficam na entrada para a praia de Jacarapé, onde a bandidagem local costuma "desovar" suas vítimas.
Ao final, o governador revelou que os representantes dos policiais já manifestaram interesse em que a Acadepol seja instalada próximo ao novo IPC, na PB 008, na comunidade de Mussum Mago, onde o Estado dispõe de um amplo terreno e onde os stands de tiro poderiam funcionar sem colocar a população em risco.
De qualquer forma o evento serviu para trazer o governador ao Geisel para ouvir muitas outras reivindicações comunitárias. Serviu também para que as lideranças locais se rearticulassem, mostrando o potencial que podem alcançar quando unificam suas bandeiras reivindicatórias. Como morador do Geisel desde sua fundação, confesso que me senti orgulhoso com a qualidade das nossas intervenções.
Infelizmente não houve tempo nem oportunidade de apresentarmos a proposta de plebiscito para a mudança do nome do conjunto, uma reivindicação antiga dos moradores que nunca engoliram o fato do bairro homenagear um general que comandou com mão de ferro uma das fases mais violentas da ditadura brasileira.
Ricardo disse que pode levar Acadepol para PB 008 |