As colunas sociais da capital paraibana se esbaldaram nos últimos dias exibindo as presenças hilárias de políticos e outros VIPs no camarote especial do Circo Tihany Spetacular, luxuosamente armado no estacionamento de um megasupermercado, na Estrada de Cabedelo. A propaganda do circo internacional saiu até no jornal A União.
Confesso que não gosto de circo. Não vejo graça, nem nos palhaços. Acho que sou duma geração pós-circense, mais tecnológica, mais televisiva, mais virtual.
Mas o que me deixa mais indignado com esse tipo de “cultura” é o financiamento público ao Tihany, através do Ministério da Cultura e das leis de incentivo, tipo Rouanet. É a institucionalização daquela velha estratégia romana, criticada pelos velhos comunistas, em que os governos burgueses enganam o povo oferecendo-lhe apenas “panis et circenses”.
Reforçado pela mídia provinciana, o entretenimento circense pós-mambembe funciona hoje, tão somente, como um escape para a pequena burguesia local fantasiar que está assistindo um espetáculo especial, tipo Cirque du Soleil.
Minha dúvida principal é: em que medida esse tipo de incentivo, com dinheiro público, favorece relamente a cultura brasileira?
Se o Ministério da Cultura quer levar cultura ao povo, porque financia um espetáculo com ingressos com preços tão proibitivos para a maioria da população??