O estupro e brutal assassinato da menina Rebecca Cristina, ocorrido no início da semana aqui em João Pessoa é o tipo de crime que deixa o cidadão comum atordoado pelas características da crueldade e frieza do assassino. Por um momento ficamos a imaginar em que tipo de sociedade vivemos, que tipos de seres humanos estão do nosso lado, convivendo conosco, porque tanta maldade e crueldade...
Que tipo de patologia ou anomalia mental e moral levaria alguém a cometer esse tipo de monstruosidade? É o que todos querem saber. Não me convenço apenas com o discurso feminista de que esse tipo de crime é característico de uma sociedade machista, que vê no corpo das mulheres apenas mais um objeto. Tem algo mais que o puro machismo. Algo de perverso, de demoníaco e de inumano.
Ou Rebecca teria sido vítima de um crime de vingança, já que o pai é policial? Seja qual tenha sido o motivo, nada que possa passar por nossas cabeças justificaria tamanha ediondidade. O que nos incomoda, de fato, é que nossas filhas estão indefesas toda vez que saem sozinhas à rua. Prontas a cair no laço impiedoso do maníaco de plantão, do sociopata tresloucado em sua sede de desejo e de prazer.
Lembro imedatamente do best-seller "O Perfume: História de um assassino", do escritor alemão Patrick Süskind, um livro que virou filme, que aborda esse tipo de crime, na França do século 18. Publicado originalmente em 1985, o livro vendeu mais de 15 milhões de exemplares no mundo todo. No romance, o serial killer tinha uma meta: criar um perfume com as essências das donzelas mortas.
Mas qual será a motivação do assassino de Rebecca? Dinheiro? Prazer? Pervesão? No romance de Süskind, o matador acaba sendo vítima de sua própria sandice, devorado, literalmente, por moradores de rua enfeitiçados com o perfume que ele criou e se banhou na última cena. Metáfora intrigante para a canibalização que a sociedade atual pode fazer do seu próprio instinto auto-destrutivo. Uma antropofagia social e cognitiva, na ânsia de destruir o que de pior o instinto humano gerou.
quarta-feira, julho 13, 2011
SBPC discute mídia e comunicação
Participo amanhã à tarde de uma mesa-redonda que vai discutir o tema "Midialogia Científica e a sua Interface Com as Questões Ambientais no Bioma Cerrado", dentro da programação oficial da 63ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que ocorre até o próximo dia 15, no campus Samambaia da Universidade Federal de Goiás, em Goiânia.
A convite da Sociedade Científica de Estudos da Arte (CESA), vou apresentar o artigo "Cerrado: Ciência e neodifusionismo no jornalismo ambiental", onde discuto alguns conceitos a partir dos estudos que fiz durante o mestrado em Comunicação na UFPE. No miolo da discussão está o conceito de "neodifusionismo" aplicado ao jornalismo científico.
A mesa, coordenada pela professora Greicy Mara França (UFMS), terá ainda a participação de Luisa Massarani (FIOCRUZ) e Ricardo Alexino Ferreira (USP), cujas pesquisas comunicacionais desenvolvem as conceituações epistemológicas sobre "midialogia científica". Será uma ótima oportunidade para reencontrar colegas pesquisadores e exercitar mais um pouco a argumentação acadêmica.
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