quarta-feira, janeiro 12, 2011

Jornalismos

Uma das coisas que mais lastimo em ter seguido o viés do jornalismo em assessoria de imprensa foi a desenvoltura sofrível naquilo que no meio chamaríamos de notícias urgentes. Todos sabem que o grande lance do jornalismo é a rapidez com que se pode anunciar publicamente um fato ocorrido há instantes atrás. Pois bem, por isso meus artigos são tão dispersos e absolutamente devezemquandários. Isso é reflexo do ritmo de produção diferenciado entre redação de jornal e agências de relações públicas. Nesse segundo campo o jornalista tem mais tempo para investigar e apurar a notícia. Não há a pressão do deadline.A não ser que a matéria seja sobre eventos, que possuem lugar, data e hora para acontecerem.
Por outro lado, há uma acomodação natural de quem não tem um editor por perto pedindo a matéria. Nessa conjuntura de produção, o jornalista se dá ao luxo de produzir, revisar, editar, e – agora – publicar sua própria produção. Isso acontece nas assessorias que possuem as famosas euquipes. Com o desenvolvimento da internet, o trabalho jornalístico se tornou ainda mais “sedentário”. Daqui mesmo do meu teclado eu posso disparar para um bilhão de “endereços” esse monte de baboseiras alinhavadas no texto que se segue...
Então o que me resta é ficar analisando as diferentes praxis dos jornalismos. Fico olhando a euforia xerocada dos “portais” noticiosos, com sua replicagem frenética do relise institucionalizado. A notícia agora é outra e a pauta está recheada de propaganda subliminar de instituições insuspeitas. È nessa lógica que pedimos, aos berros, garantias a uma tal “liberdade de expressão”.
Mas, afinal, quem mesmo consegue se expressar nos meios de comunicação convencionais? A elite, o mundo corporativo, a burocracia estatal, os cientistas, os militares, o empresariado, a right society, o mainstream, ou seus legítimos representantes. Já a liberdade de imprensa, são outros quinhentos! Me expresso, logo, existo. É essa a lógica da economia discursiva na modernidade. A possibilidade de se posicionar, simbolicamente, numa conjuntura onde poucos podem exercer sua opinião.
Entender a sociedade pela semio(lógica) da mídia. Eis o desafio epistemológico imposto ao analista neófito, que possui dois instrumentos iniciais e distintos: as teorias da comunicação e os diversos ramos da sociologia contemporânea. Para analisar a mídia, é preciso analisar os que fazem a mídia. Interessa, especialmente, descobrir as origens sociais e a conformação societária dos homens de mídia. Quem são? De onde saíram? Falam com que intencionalidades subjacentes? Representam quem, que partidos, que organizações religiosas, que classe dos diversos segmentos da sociedade onde estão inseridas as mídias por onde falam, escrevem e opinam esses “comunicadores”??