foto: Mazinho Gomes
Usuários do SUS com anemia falciforme cobraram atenção da secretaria de Saúde da PMJP
Identificar pessoas com a doença falciforme na região metropolitana de João Pessoa. Essa deve ser uma das primeiras ações da Secretaria de Saúde da capital para 2009. A decisão foi anunciada na última segunda-feira, 15, pela supervisora do Setor de Atenção à Saúde da entidade, Márcia Rique, durante reunião com os coordenadores da Associação Paraibana de Portadores de Anemias Hereditárias (ASPPAH), Marcelo Cidalina e Dalmo Oliveira.
“A idéia é mobilizar profissionais de saúde ao Programa Saúde da Família para identificar e atender pessoas com a doença falciforme que residam próximas aos postos de atendimento nos bairros”, diz Márcia Rique. A ASPPAH vai repassar à secretaria dados cadastrais de portadores do problema atendidos pelo Hemocentro e pelo laboratório de hematologia do Hospital Universitário Luciano Wanderlei. “A busca ativa de pacientes falciformes será a única maneira de iniciarmos um programa municipal de atenção especial aos cidadãos que sobrevivem com o problema”, diz Dalmo Oliveira.
No dia 7 de janeiro representantes da secretaria e da associação voltam a se reunir para definir os primeiros eventos de capacitação na rede municipal da saúde. Inicialmente haverá um trabalho de sensibilização nas reuniões matriciais nos cinco distritos de saúde da capital. “Vamos atuar juntos aos apoiadores do Saúde da Família”, diz Rique.
A parceria entre a ONG e a secretaria de saúde de João Pessoa pretende levar informações sobre anemia falciforme para todas as 180 equipes do programa Saúde da Família. “Nosso maior problema atualmente é a falta de informação sobre a doença, tanto junto à população, quanto no meio dos profissionais de saúde”, revela Marcelo Cidalina, coordenador administrativo da ASPPAH.
Os membros da associação de pessoas com doença falciforme reivindicaram também que o município defina um hospital de sua rede como referência para a população da capital no acompanhamento, tratamento e aconselhamento sobre esse tipo de anemia. A secretaria acenou que essa unidade hospitalar deverá ser o novo Hospital Municipal, no bairro de Mangabeira, na zona oeste da capital.
“Não temos hematologistas no nosso quadro, mas poderemos adequar o hospital para receber esse público especial. Vamos providenciar a sensibilização e capacitação dos médicos e enfermeiras”, diz o Dr. Anderson, supervisor daquela unidade, também presente à reunião.
“Há um entendimento já com a secretaria de saúde do Estado para definir o hospital Arlinda Marques, em Jaguaribe, como a unidade hospitalar referência no cuidado das crianças com o problema do sangue que é genético e hereditário”, adianta Cidalina. “E as internações de complexidades média e alta vão ficar por conta do HU da UFPB”, acrescenta.
Testagem e cuidados especiais
Outra notícia importante relacionada à doença falciforme na Paraíba diz respeito à testagem dos recém-nascidos já a partir do teste-do-pezinho. A secretaria de saúde do Estado, através da Gerência do Ciclo da Vida, está finalizando a implantação da 2ª fase do teste na rede pública estadual. “Depois que pudermos detectar a doença falciforme no nascimento dos bebês, vai diminuir o índice de óbitos entre os recém-nascidos, porque logo eles vão receber todos os cuidados especiais indispensáveis às crianças com o problema”, diz Dalmo.
A 2ª fase do teste-do-pezinho já permite que estados como Minas, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, por exemplo, já saibam a incidências da anemia falciforme em suas populações. “Estimamos, de forma pouco empírica, que a proporção de bebês nascidos vivos com o problema atinja uma em cada grupo de 1.300 crianças nascidas vivas na Paraíba”, avalia o ativista, que tem também um primo com a doença falciforme.
A parceria entre a ASPPAH e a secretaria municipal prevê também a produção de peças para a mídia sobre o problema. “A idéia é usar os grandes meios de comunicação (TV, rádio, outdoor, internet) para começar a explicar aos cidadãos que os portadores desta hemoglobinopatia podem usufruir de uma condição de vida e sobrevida em níveis normais, bastando acessarem os cuidados básicos especiais necessários para os acometidos pelo problema”, diz Oliveira.
A ASSPAH pretende ainda obter uma sede própria, que possa servir também como casa-abrigo, para apoiar os pacientes do interior que estejam em tratamento na capital. “Estamos iniciando uma discussão para dividir um espaço com a comunidade franciscana no Castelo Branco”, revela Marcelo Cidalina.
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