Carneiro formatou sua estética na Paraíba (Foto: Dalmo Oliveira) |
Iverson Carneiro ainda tem dificuldades na pronúncia dos quês e dos cês. Os cabelos ficaram rareados. A barriga já está protuberante. Antigo cacique da tribo hippie paraibana, esse escritor paraense, há vários anos radicado no Rio de Janeiro, pode ser considerado o último dos moicanos de uma outra tribo que, nos ano 80’s, era conhecida como a dos “poetas marginais”.
Carneiro ganhou notoriedade no meio universitário e underground da Paraíba nos gloriosos anos 80’s pelos seus poemas pornográficos (ou, pornofônicos, se preferirem), recitados invariavelmente em performances radicais, onde sua dicção especial chamava a atenção.
Terça-feira passada eu estava meio de bobeira e li nos jornais que o “velho moleque” faria lançamento Tardio) de seu livro de poemas "Moleque Velho" (Observando Edições - 2005), no lendário Teatro Lima Penante, ali na encruzilhada das avenidas João Machado e Trincheiras.
Beto Quirino é fotografado por Iverson durante sarau improvisado |
Logo o recital virou sarau improvisado, numa oportunidade única para uma platéia com menos de 20 pessoas. Em seguida, o anfitrião “estrangeiro” iniciou a sessão de autógrafos e dedicatórias, com direito a refrigerante.
Eu perguntei a ele o que ficou dos quase 15 anos de Paraíba em sua poesia, depois que ele passou a morar noutro canto. Iverson revelou que o convívio com os repentistas e emboladores Zé Mousinho e Cachimbinho trouxe para sua estética a métrica das cantorias populares e da literatura de cordel, que incorporou tanto ao seu trabalho escrito, quanto cênico, já que ele é professor de teatro na rede pública do Rio de Janeiro.
Agora o ex-marginal faz até dedicatórias (Foto: Fabiana Veloso) |
Para ele, a atualidade já não permite mais se falar em poesia marginal. “A galera já escreve pensando em algum tipo de mercado, mesmo que seja o alternativo”, analisa. Ele diz que o movimento que participou era muito mobilizador. “Tinha gente fazendo a mesma coisa em Recife, em Belém, em Porto Alegre, em São Paulo, no Rio. Se naquela época nós tivéssemos a internet, teríamos feito uma bagunça muito grande, não digo a revolução, mas uma bagunça maior, com certeza”, diz o poeta.
"Com internet, teríamos feito uma grande bagunça", diz o poeta |
2 comentários:
Puta que pariu! Só hoje estou vendo essa matéria (ouvi a entrevista na rádio Tabajara), graças a um ex-aluno que me falou da sua existência. Obrigado por mais esta, parceiro!
Abraço do Iverson Carneiro
Ah, sim! Tinha 32 pessoas. Hahahahaha
Postar um comentário