segunda-feira, fevereiro 15, 2016

ESTUDANTE DA UFPB É AGREDIDA DENTRO DA CENTRAL DE POLÍCIA EM JP

A estudante de Ciências Sociais da UFPB, Hermana Ferreira, acabou a noite entre a última sexta-feira, 12, e o sábado, dia 13, numa situação humilhante ao ser agredida verbal e fisicamente nas dependências da Central de Polícia Civil, no bairro Ernesto Geisel. Segundo ela, depois de ser conduzida algemada, foi arrastada pelos cabelos para a carceragem por um servidor da Secretaria de Segurança. A vítima relata que também foi xingada de “prostituta”. O motivo da prisão da estudante teria sido o fato da mesma ter pulado a catraca de um transporte coletivo, linha 510 da empresa Transnacional, no início da madrugada na região do Centro Histórico da capital.


Presa em flagrante por uma guarnição da PM instalada no Terminal de Integração do Varadouro, a estudante foi levada à Central de Polícia pelo tenente Nelson Luiz Matias e pelo sargento Antônio Domingos da Silva. A mestranda de Sociologia diz que, dos vários jovens que decidiram pular a catraca do ônibus, apenas ela foi algemada e conduzida à 2ª DD na gaiola do camburão. “Me machuquei já durante o trajeto porque o policial que dirigiu a viatura fez questão de realizar várias manobras bruscas, fazendo com que eu fosse jogada violentamente de um lado para o outro dentro da viatura”, relata Ferreira.


Ao delegado plantonista, Francisco de Assis da Silva, os PMs declararam que Hermana, ao ser abordada, mostrou-se agressiva, negando-se a se identificar. Eles registraram que a estudante os havia desacatado, tendo dito que eles seriam “policiais despreparados” e que seus salários eram pagos dos impostos que ela e a sociedade paraibana recolhem.


Além de Ferreira, os PMs deram voz de prisão ainda, pelo mesmo motivo (não pagamento da passagem no transporte coletivo), a Yuri Henrique Lobo e Johnwayne Alves. Os três foram indiciados pelo delito previsto no Artigo 176 do Código Penal (Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento). Hermana está sendo indiciada ainda por outro delito com base no Artigo 331 (Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela).

RACISMO INSTITUCIONAL

Hermana nega as acusações nos termos declarados pelos denunciantes e acrescenta que foi arrastada com agressividade pelos policiais. Ela exibe escoriações no couro cabeludo, nas costas e contusões na região próxima aos pulsos, por conta do uso das algemas. “Cerca de 15 pessoas saltaram a catraca do ônibus. Os policiais me escolheram por conta das tatuagens e, provavelmente, porque uso cabelos afro. Agiram de maneira desproporcional como se fossemos todos bandidos marginais perigosos. Comigo, particularmente, foram violentos, preconceituosos e agiram movidos por racismo”, diz a estudante universitária.


“Para tentar evitar a prisão irregular, me deitei no chão do Terminal e fui arrastada violentamente pelos PMs. O motorista da viatura conduziu o veículo, do Terminal Rodoviário até a Central de Polícia, utilizando-se de direção perigosa. Na Central de Polícia, uma investigadora que estava de plantão passou a me atacar verbalmente, iniciando uma espécie de terrorismo psicológico”, disse Hermana à reportagem.

A estudante só foi liberada por volta das 8 horas da manhã do sábado, 13, após pagar fiança de R$ 880,00, com a presença de uma advogada acionada por seu pai. “O procedimento dos policiais e o que ocorreu na Central foi desproporcional com a ocorrência e mostrou despreparo. Sem querer fazer qualquer tipo de apologia aos possíveis delitos, a impressão que temos é que a força policial age a serviço da AETC, como se fossem um serviço de segurança privada das empresas de ônibus. Esse tipo de excesso são incompatíveis com a função dos servidores da Segurança Pública. A lei precisa ser cumprida, mas com um mínimo de civilidade e observância aos direitos humanos”, diz o jornalista Dalmo Oliveira, pai da estudante agredida.

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