sexta-feira, abril 08, 2016

Reaberta temporada de caça aos que lutam pela reforma agrária

Corpo de Ivanildo coberto na porta de casa no Assentamento Padre João Maria: Terror latifundiário de volta
Dois episódios violentos marcaram nos últimos dias a reabertura da temporada de caça a abate de militantes da reforma agrária no Brasil. Na zona rural de Mogeiro (PB), o ativista e presidente do Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores, Ivanildo Francisco da Silva, foi assassinato na porta de casa com tiro de espingarda calibre 12. No Paraná, a PM abateu dois componentes do MST que estavam trabalhando num mutirão de cultivo em uma fazenda ocupada.

O modus operandi dos bandidos que tiraram covardemente a vida de Ivanildo é idêntico ao que ceifou a vida de Margarida Maria Alves, em Alagoa Grande: tiros de 12 na cabeça, à queima-roupa. Há vários meses membros da Comissão Pastoral da Terra (CPT) vinham anunciando a ação de milícias de jagunços armados contratados por fazendeiros da região rural nos municípios de Mogeiro, Pilar, Itabaiana, Sapé, São José dos Ramos, Salgado de São Félix e outras cidades do agreste da Paraíba.

Aos bandos, os milicianos (alguns dos quais identificados como ex-policiais e policiais aposentados) abordam os ativistas nas ocupações de terras, ameaçam, intimidam, dão surras, pintam e bordam em cenas que lembram os velhos filmes de faroeste estadunidenses.

De acordo com o deputado petista Frei Anastácio, existe um grupo seleto de proprietários de terras, notadamente representantes das fazendas Paraíso, Fazendinha, Salgadinho e Pau a Pique, que estaria por trás do financiamento dessas milicias paramilitares, acionadas contra os integrantes do movimento pela reforma agrária na Paraíba.

Os financiadores do terror no campo seriam ainda membros do Judiciário, políticos sem mandatos eletivos e até novos ricos vinculados ao mundo do esporte. Os latifundiários contrários à reforma agrária formam quadrilhas criminosas que planejam as ações violentas contra as famílias de agricultores sem-terras.

Nos rincões dos interiores ainda prevalece a lei da bala, a truculência armada e o terror neofacista. A sociedade paraibana assiste abismada a ousadia dos bandidos que agem a mando dos latifundiários, como se o tempo não passasse nesse pedaço do Brasil. O Estado não consegue dar garantias à vida dos ativistas. A impunidade estimula os donos de terras a ingressarem, sem medo, nesses sindicatos do crime.

por Dalmo Oliveira

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