Médicos cubanos iam aonde o povo está Foto: Araquém Alcântara |
A retirada dos primeiros cubanos do Programa Mais Médicos no
Brasil é um sintoma. Sinaliza a conclusão de uma era em que a solidariedade
internacional sucumbe às estratégias indizíveis desta “entidade” chamada
Mercado.
O historiador e cientista político camaronês Achille Mbembe
poderia até explicar um pouco o que ocorre agora no Brasil: "O capitalismo
neoliberal deixou em sua esteira uma multidão de sujeitos destruídos, muitos
dos quais estão profundamente convencidos de que seu futuro imediato será uma
exposição contínua à violência e à ameaça existencial. Neste contexto, os
empreendedores políticos de maior sucesso serão aqueles que falarem de maneira
convincente aos perdedores, aos homens e mulheres destruídos pela globalização
e pelas suas identidades arruinadas".
Sem que a maioria da população brasileira pudesse sequer
opinar, o futuro governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) protagoniza o
primeiro grande conflito ideológico internacional, tendo Cuba como alvo de uma
campanha anti-esquerdista démodé e
ultrapassada, do ponto de vista do pragmatismo necessário à uma diplomacia
mundial marcada pelo pós-modernismo tecnológico. O saldo pode ser dramático com
graves consequências humanitárias atingindo, principalmente, as populações mais
carentes nos rincões mais isolados deste Brasil continental.
Com o retorno dos cubanos, 78 municípios da Paraíba podem
ficar sem médicos da rede pública, pelos cálculos da Secretaria de Estado da
Saúde. Na Paraíba, pelo menos 129 médicos cubanos trabalhavam pelo programa. Há
um alerta especial para a lacuna que os médicos de Cuba deixarão nos Distritos
Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), nas comunidades quilombolas e nas
comunidades periféricas nos grandes centros urbanos, locais onde, geralmente,
médicos brasileiros não se habilitam para trabalhar.
O primeiro conflito de governança da equipe que vai ocupar
as principais cadeiras do Planalto Central brasileiro se encaixa perfeitamente
na definição que o multiculturalista jamaicano Stuart Hall chamava de “populismo
autoritário”, que pode ser classificado também como uma espécie de
“autoritarismo liberal”.
A nova era supera as lutas de classes e deve inaugurar
novas modalidades de conflitos sociais, alimentados por diversas formas de
racismo, ultranacionalismo, preconceitos sexistas, rivalidades étnicas e
religiosas, xenofobia, homofobia e outras tensões e animosidades geradas pelo
medo e pelo preconceito.
Paraibanos
celebram a Palavra
Neste dia 23 de novembro o mundo comemora o Dia da Palavra
como Vínculo da Humanidade. Mais de 35 países de vários continentes em ações
individuais e institucionais, através de sessões especiais em Academias,
artigos e matérias publicadas, declamações de textos poéticos, saraus,
encenações teatrais etc. e ações que ocupem as mídias eletrônicas e chamem a
atenção do mundo para este que é um dos maiores instrumentos da comunicação
humana.
O Museo de la Palabra e a Fundación César Egido Serrano, ambos situados na região
de La Mancha na Espanha, focam suas ações articulando poetas, escritores,
acadêmicos etc. para o fortalecimento em nível internacional da palavra como
vínculo entre os povos, na luta pela fraternidade e pacificação entre todos os
povos e culturas.
Aqui no Brasil, desde 2017, os Embaixadores da Palavra
Josafá de Orós, Sander Lee, Thiago Alves, Dalmo Oliveira e Fábio Mozart,
realizam ações que levam a palavra ao status
de protagonistas dessa filosofia e responsabilidade. Em 2017, várias parcerias
foram formadas e programações especiais foram realizadas entre Campina Grande e
João Pessoa.
Neste ano de 2018, as programações darão visibilidade a
palavra poética como elemento de formação dos sujeitos sensíveis para a
conquista de novos lugares no mundo.
Dia 10 de novembro no evento conhecido como Sarau das Sete,
evento poético-musical-cênico ocorreu no Jardim Teatro Maria Arly, além da
leitura de texto que referenda e reverencia a data, o poeta e embaixador da
palavra Josafá de Orós, juntamente com sua filha, bailarina Cecília Poesia,
fizeram bela apresentação poético-coreográfica, em homenagem à palavra e a
grande poetiza brasileira Cecília Meireles.
Continuando as ações artísticas-culturais alusiva ao Dia
Mundial da Palavra, poetas da Academia de Cordel do Vale do Paraíba farão
estrofes temáticas em louvor a palavra, material que deverá ser apresentado a
toda comunidade através de páginas institucionais, individuais, blogues etc.
Noutras parcerias alinhavadas com a Unidade Acadêmica de
Educação Infantil da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), faremos no
próximo dia 28 de novembro, o Sarauzinho da Palavra. O evento envolve
professores e crianças pequenas numa dinâmica que visa sensibilizar esses
sujeitos para, através da poesia, aproximá-las da responsabilidade de valorizar
a palavra como instrumento de aproximação e parcerias entre e povos e sua cultura.
“Sempre envidaremos esforços em vista de manter o Brasil
inserido nessas programações mundiais aproximando instituições, poetas,
escritores e artistas de áreas diversas como estratégia de não apenas nos
integrar enquanto protagonistas, mas também como maneira de consolidarmos novas
formas de resistência contra todos os riscos de cerceamento da liberdade de
expressão em nosso país”, disse o embaixador da palavra Josafá de Orós.
O Auto
em alta
A coluna registra com alegria o sucesso de mais uma edição
do Auto dos Orixás, ocorrida na última terça-feira, 20, no Ponto de Cem Réis. O
espetáculo ao ar livre, que já entrou para o calendário cultural de João
Pessoa, é, na definição de uma admiradora do evento, “um esplendor da criação
do multicultural artista plástico Nai Gomes”. Esse ano, além do espetáculo em
si, o Ateliê Multicultural agregou ainda a “FEIRA INTERCULTURAL: Celebrando o
amor entre todos os seres”, que aconteceu durante o dia inteiro no largo do Cem
Réis. O Auto dos Orixás, no entanto, precisa agora, avançar para uma dimensão
logística semelhante àquelas disponibilizada para o evento da Paixão de Cristo.
Ontem, com o espetáculo rolando no solo da praça e com a plateia em pé, no
mesmo nível dos atores e figurantes, a apresentação ficou prejudicada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário