As
lições do primeiro turno
Cartaxo e Bandeira: aprendendo novas lições | foto: Divulgação |
As
eleições municipais na capital paraibana, João
Pessoa, nesse primeiro turno, trouxeram várias lições
para os analistas da política partidária local, para os
agentes políticos de todos os matizes e também para o
cidadão comum que acompanha mais de perto o mundo político
de sua cidade.
A
primeira grande lição que aprendemos diz respeito à
credibilidade resgatada dos chamados institutos de pesquisas, na
verdade são empresas especializadas em sondagens da intenção
da população em relação ao referendo
eleitoral. Ao contrário do que ocorrera nas eleições
de 2010, as pesquisas divulgadas na mídia comprovaram muito
proximamente a real intencionalidade do eleitorado pessoense.
Ouvi
muita gente atribuir ao bom desempenho do candidato petista, Luciano
Cartaxo, a manipulação das pesquisas de órgãos
como IBOPE e CONSULT. Quem apostou nisso, quebrou a cara. Todos os
levantamentos realizados nos últimos 20 dias foram amplamente
comprovados ontem, depois de apuradas as urnas.
A
outra lição importante foi dada ao Partido Socialista
Brasileiro (PSB) que viu derrotada sua candidatura majoritária,
na figura da difícil e arrogante ex-secretária Estela
Bezerra, que afunda na disputa juntamente com a vereadora Sandra
Marrocos. A derrota do PSB mostra o equívoco avaliativo do
“dono” do partido, governador Ricardo Coutinho, que impôs
seus caprichos à legenda, patrocinando a candidatura duma
pessoa que, efetivamente, não era a melhor opção
do PSB, ao desprezar a vontade do prefeito Luciano Agra em disputar o
pleito pela legenda girassol.
Lição
importante também para o vereador Bira que sai fortalecido do
pleito, sendo o quarto vereador mais votado e com o desafio imenso de
solucionar seu futuro político, tendo em vista a opção
que fez em acompanhar Agra na saga que lançou por terra o
projeto socialista de manutenção da gestão da
PMJP. Aliás, toda a dissidência girassol tem agora o
caminho aberto com tapete vermelho para ingressar no Partido dos
Trabalhadores, legenda da qual, boa parte desses, não deveria
ter saído para a aventura personalista de RC.
Nonato
Bandeira, ex-secretário de RC, também inicia esse
segundo turno com grandes lições acumuladas. A primeira
delas pode ser traduzida no perfeito adágio popular que diz
“vale tudo à pena quando a alma não é
pequena”. E de fato, Bandeira mostrou que tem alma grande e um tino
político maior ainda, ao romper sem muitos traumas com seu
ex-mestre político para embarcar numa nova aventura partidária
ousada e vitoriosa. Talvez ele seja o mais beneficiado com o
re-arranjo da política sanhauara, haja vista que, guinando à
esquerda, se reencontra com suas origens populares e com uma
estrutura de agregação partidária orgânica,
plural e com fortes características libertárias, tudo
isso sendo encontrado na órbita gravitacional que cerca o PT
na Paraíba.
As
eleições desse ano surpreenderam os mais condecorados
analistas políticos, ao trazer à tona o fato de que não
basta ter a máquina do Estado para consagrar-se vencedor.
Mostrou que o carisma pessoal e as relações mediadas
por instituições fortes como as igrejas, e sustentadas
nas comunidades de base, ainda são mais eficazes do que
qualquer apelo midiático. Lição dada com
maestria pelo vereador mais votado, Raoni Mendes (PDT), que lidera a
captação de votos sem colocar a cara na tela da TV,
tendo sido boicotado impiedosamente pelos tomadores de decisões
da coligação derrotada, da qual Mendes se afastou
inteligentemente já no início do processo, há
alguns meses atrás.
Lições
que devem servir de base para as estratégias nessa última
etapa da eleição em 2012. Num cenário que tende
para a consolidação de um projeto que conseguiu unir a
vontade de renovação com a experiência daqueles
que perceberam que governar essa cidade é um desafio complexo
que exige especialmente a capacidade de sintonizar anseios de uma
população exigente e participativa, de um povo que não
se acomoda e que está sempre refutando aqueles que se acham
donos das razões, dos corações e das mentes dos
cidadãos conscientes.
Agora
é torcer e cobrar dos próximos gestores e legisladores
mais responsabilidade e compromisso com aquilo que foi ventilado na
disputa eleitoral. Pois o que todos esperamos é apenas uma
gestão competente, onde a corrupção não
encontre terreno fértil, e onde a vontade coletiva tenha
prioridade sobre os desejos individuais ou de grupos minoritários.
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