segunda-feira, outubro 08, 2012

As lições do primeiro turno


As lições do primeiro turno

Cartaxo e Bandeira: aprendendo novas lições | foto: Divulgação

As eleições municipais na capital paraibana, João Pessoa, nesse primeiro turno, trouxeram várias lições para os analistas da política partidária local, para os agentes políticos de todos os matizes e também para o cidadão comum que acompanha mais de perto o mundo político de sua cidade.

A primeira grande lição que aprendemos diz respeito à credibilidade resgatada dos chamados institutos de pesquisas, na verdade são empresas especializadas em sondagens da intenção da população em relação ao referendo eleitoral. Ao contrário do que ocorrera nas eleições de 2010, as pesquisas divulgadas na mídia comprovaram muito proximamente a real intencionalidade do eleitorado pessoense.



Ouvi muita gente atribuir ao bom desempenho do candidato petista, Luciano Cartaxo, a manipulação das pesquisas de órgãos como IBOPE e CONSULT. Quem apostou nisso, quebrou a cara. Todos os levantamentos realizados nos últimos 20 dias foram amplamente comprovados ontem, depois de apuradas as urnas.

A outra lição importante foi dada ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) que viu derrotada sua candidatura majoritária, na figura da difícil e arrogante ex-secretária Estela Bezerra, que afunda na disputa juntamente com a vereadora Sandra Marrocos. A derrota do PSB mostra o equívoco avaliativo do “dono” do partido, governador Ricardo Coutinho, que impôs seus caprichos à legenda, patrocinando a candidatura duma pessoa que, efetivamente, não era a melhor opção do PSB, ao desprezar a vontade do prefeito Luciano Agra em disputar o pleito pela legenda girassol.

Lição importante também para o vereador Bira que sai fortalecido do pleito, sendo o quarto vereador mais votado e com o desafio imenso de solucionar seu futuro político, tendo em vista a opção que fez em acompanhar Agra na saga que lançou por terra o projeto socialista de manutenção da gestão da PMJP. Aliás, toda a dissidência girassol tem agora o caminho aberto com tapete vermelho para ingressar no Partido dos Trabalhadores, legenda da qual, boa parte desses, não deveria ter saído para a aventura personalista de RC.

Nonato Bandeira, ex-secretário de RC, também inicia esse segundo turno com grandes lições acumuladas. A primeira delas pode ser traduzida no perfeito adágio popular que diz “vale tudo à pena quando a alma não é pequena”. E de fato, Bandeira mostrou que tem alma grande e um tino político maior ainda, ao romper sem muitos traumas com seu ex-mestre político para embarcar numa nova aventura partidária ousada e vitoriosa. Talvez ele seja o mais beneficiado com o re-arranjo da política sanhauara, haja vista que, guinando à esquerda, se reencontra com suas origens populares e com uma estrutura de agregação partidária orgânica, plural e com fortes características libertárias, tudo isso sendo encontrado na órbita gravitacional que cerca o PT na Paraíba.

As eleições desse ano surpreenderam os mais condecorados analistas políticos, ao trazer à tona o fato de que não basta ter a máquina do Estado para consagrar-se vencedor. Mostrou que o carisma pessoal e as relações mediadas por instituições fortes como as igrejas, e sustentadas nas comunidades de base, ainda são mais eficazes do que qualquer apelo midiático. Lição dada com maestria pelo vereador mais votado, Raoni Mendes (PDT), que lidera a captação de votos sem colocar a cara na tela da TV, tendo sido boicotado impiedosamente pelos tomadores de decisões da coligação derrotada, da qual Mendes se afastou inteligentemente já no início do processo, há alguns meses atrás.

Lições que devem servir de base para as estratégias nessa última etapa da eleição em 2012. Num cenário que tende para a consolidação de um projeto que conseguiu unir a vontade de renovação com a experiência daqueles que perceberam que governar essa cidade é um desafio complexo que exige especialmente a capacidade de sintonizar anseios de uma população exigente e participativa, de um povo que não se acomoda e que está sempre refutando aqueles que se acham donos das razões, dos corações e das mentes dos cidadãos conscientes.

Agora é torcer e cobrar dos próximos gestores e legisladores mais responsabilidade e compromisso com aquilo que foi ventilado na disputa eleitoral. Pois o que todos esperamos é apenas uma gestão competente, onde a corrupção não encontre terreno fértil, e onde a vontade coletiva tenha prioridade sobre os desejos individuais ou de grupos minoritários.


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