CCL antes de sair às pressas do aeroporto fustigado por ativistas |
Cunha
Lima só não foi chamado de “santo”, mas o que você imaginar (e
muito mais) o senador campinense teve que ouvir. Os manifestantes
decidiram não atacar CCL ainda em Brasília, porque poderiam ser
impedidos de embarcar. Durante as mais de duas horas de voo, também
não ocorreram incidentes. Cássio acabara de sair da sessão
plenária no Senado e tinha um semblante cansado e circunspecto,
refletindo a tensão do momento que o País (e ele próprio)
atravessa.
No
desembarque, a companhia decidiu liberar apenas a porta dianteira da
aeronave e abriu a traseira para que o senador pudesse descer sem que
fosse mais admoestado pelos ativistas, que estavam revoltados com o
posicionamento do parlamentar em relação ao pedido de impeachment
contra a Presidenta Dilma. Cássio saiu às pressas do aeroporto
Castro Pinto em veículo oficial da Infraero, embaixo de vaias e
xingamentos. Antes
de entrar na camioneta, CCL gesticulou para os protestantes com o
sinal de “roubo”, usando a palma da mão esquerda aberta e o
polegar direito girando.
A
onda de contestação contra políticos que apoiam ou articulam o
golpe contra Dilma cresceu no país desde a votação na Câmara
Federal que autorizou a admissibilidade do processo de impeachment.
No caso de Cássio, pesa o
processo de cassação que sofreu quando do seu derradeiro mandato à
frente do Governo da Paraíba, por improbidade administrativa. Além
disso, seu partido, o PSDB, está na linha de frente da arquitetura
do golpe. Os apoiadores de Dilma alegam que o PSDB tenta golpear o
segundo mandato de Dilma desde o início, porque chegaram à
conclusão que não consegue ganhar as eleições de maneira limpa e
democrática, nas urnas.
Entre
os ativistas que ovacionaram o senador, se encontrava Renan
Palmeiras, liderança do Movimento LGBT local. O grupo que protestou
era composta ainda de pessoas do movimento negro e de religiões de
matriz africana, ativistas do movimento de pessoas idosas e com
deficiências e ainda lideranças indígenas. O voo trouxe para a
capital paraibana outras figuras de destaque, como a reeleita Reitora
da UFPB, Margareth Diniz, o ex-deputado estadual Rodrigo Soares,
Marenilson Batista da Silva, diretor do Departamento de Assistência
Técnica e Extensão Rural do MDA e o presidente da Fetag-PB,
Liberalino Lucena.
“É
por causa de políticos assim que hoje temos essa vergonha de
aeroporto e a Paraíba vive sempre na rabeira de todos os índices de
desenvolvimento social e econômico. Mas as eleições de outubro
estão chegando aí e quero ver se os eleitores paraibanos ainda vão
ter coragem de votar nos candidatos a vereador e a prefeito apoiados
pelo senador Cássio”, comentou um passageiro do voo, que filmava o
protesto dentro da aeronave.
por DALMO OLIVEIRA
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