quinta-feira, outubro 06, 2016

Votos, para quê?

Nos últimos meses vivemos uma experiência nova e desafiadora. Agradeço antecipadamente aos que apostaram em nosso projeto legislativo, nas nossas ideias e propostas. As lutas continuarão. Mudar uma cidade para melhor não é uma tarefa individual, nem algo que se possa fazer em apenas um mandato de vereador. Ao colocar nosso nome à disposição do Partido dos Trabalhadores (PT) para disputar uma vaga na Casa de Napoleão Laureano, nas eleições que ocorreram domingo passado, queríamos, tão somente, contribuir com o progresso social e humanitário da Cidade do Sanhauá com propostas simples e exeqüíveis a curto e médio prazos.




Seguem aquelas que tornarmos públicas e discutimos com a população: Cobrar da Secretaria de Saúde a implantação de um centro de referência municipal de saúde da população negra, onde as pessoas com doença falciforme (como eu) e outras patologias comuns aos afroparaibanos pudessem recorrer com mais facilidade aos tratamentos.

No âmbito da cultura, defendemos a criação de um circuito municipal de cultura & artes estudantil da Rede Municipal de Ensino, envolvendo alunos, professores e a comunidade. Outra ideia é a feira de culturas populares nos espaços dos mercados públicos de João Pessoa. Ainda com relação à cultura popular, estamos instigando o poder público municipal a criar o Santuário Ecológico-Cultural dos Orixás, na área do Parque Cuiá. Paralelo a isso, trouxemos uma proposta que já está sendo cogitada em Salvador (BA): a feira de produtos sacrolitúrgicos e medicinais para comercialização organizada dos insumos utilizados nas religiões de matriz africana e ameríndia.

A proposta dialoga também com a questão ambiental, por isso defendemos que a PMJP dê incentivo à implantação de hortas e pomares públicos-comunitários. Outra ideia nesse quesito seria o fomento às políticas públicas de saneamento básico e manejo do lixo. É imoral que nossa capital ainda não esteja 100% saneada com redes de esgoto sanitário. E tenho convicção que a coleta seletiva e reaproveitamento do lixo que produzimos é uma política pública que todos concordamos.

Nosso ativismo tem por base também a promoção da igualdade racial na capital paraibana, por isso defendemos cota para jovens negros e indígenas no serviço público e incentivo fiscal ao primeiro emprego prioritário para a juventude desses segmentos, pois o racismo impede que essa galera alcance o primeiro trampo com a mesma facilidade dada a jovens de outras etnias/raças.

Como jornalista e ativista dessa área, defendo novas políticas públicas para democratização da comunicação no âmbito municipal, com reserva de investimento publicitário da Edilidade em veículos comunitários, como rádios-poste, jornais de bairros etc, e a criação da Empresa Municipal de Comunicação, para gerenciar a TV Cidade e uma rádio FM que a PMJP pode colocar no ar facilmente.

Apresentei também ao debate eleitoral desse ano o incentivo ao desenvolvimento de políticas públicas municipais de re-inclusão social para ex-presidiárias e ex- presidiários. Muita gente achou ruim, mas o vereador não deve encarar apenas desafios confortáveis. A problemática carcerária é algo que o Poder Municipal deve encarar de frente, porque a criminalidade ocorre nas cidades. Além disso, cerca de 80% da população encarcerada atualmente em João Pessoa é negra. A Prefeitura tem obrigação de ajudar a sociedade a buscar alternativas viáveis para essa chaga social.

No nível mais comunitário, defendo o fortalecimento dos laços institucionais entre os Conselhos Tutelares e as associações de moradores. Família e comunidade estão irremediavelmente juntas e quanto mais interação entre os organismos que cuidam da criança e do adolescente, melhor para solucionar os problemas nessa área.

Uma proposta que teve boa aceitação foi a da “Lei da carona”. Porque temos que pensar em mobilidade humana. O político comum fala em “mobilidade urbana” pensando no apoio que poderá receber das empresas de engenharia, das construtoras, e das montadoras de automóveis. Esquecem do fator humano, da sociabilidade e da preservação ambiental.

Para a população trabalhadora que anda de ônibus, tenho uma proposta de Projeto de Lei para capacitação permanente de trabalhadores e trabalhadoras do transporte público, sobre as temáticas de inclusão de pessoas com deficiências e idosos. Humanizar esse serviço também é um desafio atua na nossa cidade, onde os acidentes com idosos dentro dos ônibus vem crescendo. E o assédio moral a passageiros diferenciados (como o público LGBT e às mulheres) é uma agressão cognitiva permanente numa sociedade, notadamente, machista e sexista.

Meu compromisso com a agricultura me leva a defender políticas públicas de segurança alimentar com base na agricultura familiar e na economia solidária. O incentivo às feiras agroecológicas, à produção orgânica e a defesa do ambiente são os pilares desses conceitos. Defendi também uma urgente requalificação do centro municipal de zoonoses, devido à problemática dos animais de estimação abandonados em nossas ruas.

Controle social do parlamento

Agradeço penhoradamente às quase 200 pessoas que confiaram seus votos à minha pessoa. Encarei o desafio sem desmerecer a realidade objetiva, de uma campanha marcada pela difamação do PT, especialmente pela mídia empresarial. Uma campanha onde a compra de votos sofreu uma leve alteração estratégica, individualizando o caixa dois. Uma corrida eleitoral marcada por currais neopentecostais e do funcionalismo público acorrentado eleitoral e ideologicamente.

Uma disputa desigual entre neófitos e velhas raposas investidoras de votos. Uma eleição encurtada no rádio e na TV, onde eu só tive direito a quatro vídeos de 30 segundos cada, veiculados em alguns dias da semana. Disputei sem condições, sem carros-de-som, sem equipe profissional contratada, sem quase nenhuma doação financeira. Disputei mesmo assim, com a cara e a coragem que possuo. Agradeço aos valentes conscientes que me apoiaram, não apenas votando, mas acreditando nas nossas ideias e validando nossas propostas e estratégias.

Agora só posso prometer uma coisa: vou me tornar um fiscal intransigente dos 27 eleitos que assumirão os mandatos a partir de janeiro. Me aguardem!




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