Nos últimos meses
vivemos uma experiência nova e desafiadora. Agradeço
antecipadamente aos que apostaram em nosso projeto legislativo, nas
nossas ideias e propostas. As lutas continuarão. Mudar uma cidade
para melhor não é uma tarefa individual, nem algo que se possa
fazer em apenas um mandato de vereador. Ao colocar nosso nome à
disposição do Partido dos Trabalhadores (PT) para disputar uma vaga
na Casa de Napoleão Laureano, nas eleições que ocorreram domingo
passado, queríamos, tão somente, contribuir com o progresso social
e humanitário da Cidade do Sanhauá com propostas simples e
exeqüíveis a curto e médio prazos.
Seguem aquelas que
tornarmos públicas e discutimos com a população: Cobrar da
Secretaria de Saúde a implantação de um centro de referência
municipal de saúde da população negra, onde as pessoas com doença
falciforme (como eu) e outras patologias comuns aos afroparaibanos
pudessem recorrer com mais facilidade aos tratamentos.
No âmbito da cultura,
defendemos a criação de um circuito municipal de cultura &
artes estudantil da Rede Municipal de Ensino, envolvendo alunos,
professores e a comunidade. Outra ideia é a feira de culturas
populares nos espaços dos mercados públicos de João Pessoa. Ainda
com relação à cultura popular, estamos instigando o poder público
municipal a criar o Santuário Ecológico-Cultural dos Orixás, na
área do Parque Cuiá. Paralelo a isso, trouxemos uma proposta que já
está sendo cogitada em Salvador (BA): a feira de produtos
sacrolitúrgicos e medicinais para comercialização organizada dos
insumos utilizados nas religiões de matriz africana e ameríndia.
A proposta dialoga
também com a questão ambiental, por isso defendemos que a PMJP dê
incentivo à implantação de hortas e pomares públicos-comunitários.
Outra ideia nesse quesito seria o fomento às políticas públicas de
saneamento básico e manejo do lixo. É imoral que nossa capital
ainda não esteja 100% saneada com redes de esgoto sanitário. E
tenho convicção que a coleta seletiva e reaproveitamento do lixo
que produzimos é uma política pública que todos concordamos.
Nosso ativismo tem por
base também a promoção da igualdade racial na capital paraibana,
por isso defendemos cota para jovens negros e indígenas no serviço
público e incentivo fiscal ao primeiro emprego prioritário para a
juventude desses segmentos, pois o racismo impede que essa galera
alcance o primeiro trampo com a mesma facilidade dada a jovens de
outras etnias/raças.
Como jornalista e
ativista dessa área, defendo novas políticas públicas para
democratização da comunicação no âmbito municipal, com reserva
de investimento publicitário da Edilidade em veículos comunitários,
como rádios-poste, jornais de bairros etc, e a criação da Empresa
Municipal de Comunicação, para gerenciar a TV Cidade e uma rádio
FM que a PMJP pode colocar no ar facilmente.
Apresentei também ao
debate eleitoral desse ano o incentivo ao desenvolvimento de
políticas públicas municipais de re-inclusão social para
ex-presidiárias e ex- presidiários. Muita gente achou ruim, mas o
vereador não deve encarar apenas desafios confortáveis. A
problemática carcerária é algo que o Poder Municipal deve encarar
de frente, porque a criminalidade ocorre nas cidades. Além disso,
cerca de 80% da população encarcerada atualmente em João Pessoa é
negra. A Prefeitura tem obrigação de ajudar a sociedade a buscar
alternativas viáveis para essa chaga social.
No nível mais
comunitário, defendo o fortalecimento dos laços institucionais
entre os Conselhos Tutelares e as associações de moradores. Família
e comunidade estão irremediavelmente juntas e quanto mais interação
entre os organismos que cuidam da criança e do adolescente, melhor
para solucionar os problemas nessa área.
Uma proposta que teve
boa aceitação foi a da “Lei da carona”. Porque temos que pensar
em mobilidade humana. O político comum fala em “mobilidade urbana”
pensando no apoio que poderá receber das empresas de engenharia, das
construtoras, e das montadoras de automóveis. Esquecem do fator
humano, da sociabilidade e da preservação ambiental.
Para a população
trabalhadora que anda de ônibus, tenho uma proposta de Projeto de
Lei para capacitação permanente de trabalhadores e trabalhadoras do
transporte público, sobre as temáticas de inclusão de pessoas com
deficiências e idosos. Humanizar esse serviço também é um desafio
atua na nossa cidade, onde os acidentes com idosos dentro dos ônibus
vem crescendo. E o assédio moral a passageiros diferenciados (como o
público LGBT e às mulheres) é uma agressão cognitiva permanente
numa sociedade, notadamente, machista e sexista.
Meu compromisso com a
agricultura me leva a defender políticas públicas de segurança
alimentar com base na agricultura familiar e na economia solidária.
O incentivo às feiras agroecológicas, à produção orgânica e a
defesa do ambiente são os pilares desses conceitos. Defendi também
uma urgente requalificação do centro municipal de zoonoses, devido
à problemática dos animais de estimação abandonados em nossas
ruas.
Controle social do
parlamento
Agradeço
penhoradamente às quase 200 pessoas que confiaram seus votos à
minha pessoa. Encarei o desafio sem desmerecer a realidade objetiva,
de uma campanha marcada pela difamação do PT, especialmente pela
mídia empresarial. Uma campanha onde a compra de votos sofreu uma
leve alteração estratégica, individualizando o caixa dois. Uma
corrida eleitoral marcada por currais neopentecostais e do
funcionalismo público acorrentado eleitoral e ideologicamente.
Uma
disputa desigual entre neófitos e velhas raposas investidoras de
votos. Uma eleição encurtada no rádio e na TV, onde eu só tive
direito a quatro vídeos de 30 segundos cada, veiculados em alguns
dias da semana. Disputei sem condições, sem carros-de-som, sem
equipe profissional contratada, sem quase nenhuma doação
financeira. Disputei mesmo assim, com a cara e a coragem que possuo.
Agradeço aos valentes conscientes que me apoiaram, não apenas
votando, mas acreditando nas nossas ideias e validando nossas
propostas e estratégias.
Agora
só posso prometer uma coisa: vou me tornar um fiscal intransigente
dos 27 eleitos que assumirão os mandatos a partir de janeiro. Me
aguardem!
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