Na
visão do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), o melhor nome para
a presidência do Senado Federal, em substituição
a Renan Calheiros (PMDB-AL), é mesmo o de Roberto Requião
(PMDB-PR). Defendeu o nome do paranaense durante evento ocorrido na
noite desta terça, 10, no Sindicato dos Bancários, em
João Pessoa (PB), onde passou alguns dias de férias.
Farias,
que falou basicamente para uma plateia composta pela militância
petista, de outros partidos de Esquerda e lideranças dos
movimentos social e sindical, também criticou qualquer aliança
do PT com partidos golpistas para a eleição da
mesa-diretora da Câmara dos Deputados. “É um balde de
água fria na nossa militância se, depois de tudo que
ocorreu, nossa bancada apoiar Maia ou qualquer outro de partidos que
patrocinaram o golpe na Presidenta Dilma. Pra mim o ideal é
uma aliança com o André Figueiredo do PDT e outras
legendas de centro-esquerda”, disse.
Diretas
já!
Lindbergh
fez uma ampla defesa de eleições diretas para
presidência da República. “Eu estou convencido que não
há outro nome no PT que não seja o Presidente Lula”,
defendeu. Para ele, o PT deveria lançar a candidatura de Lula
imediatamente para aproveitar o crescimento de 8% de intenções
de votos para o ex-presidente, se a a eleição fosse
hoje.
Na
sua avaliação, o lançamento de uma
pré-candidatura de Lula agora iria refrear de vez a sanha de
seus adversários que buscam, a todo custo, indiciar o
ex-presidente em primeira e segunda instância, impedindo
juridicamente sua candidatura futura. Lindbergh
fez questão de pontuar que um momento crucial do golpe ocorreu
quando o ministro Gilmar Mendes (STF) impediu, sem qualquer base
constitucional, a posse de Lula como ministro da Casa Civil nos
últimos meses do governo Dilma.
O
senador afirma que a atitude de Mendes foi uma demonstração
clara do abuso de autoridade que assola o Poder Judiciário
brasileiro. Disse que o PT conseguiu reunir para uma consultoria
ad-hoc,
um
grupo de juristas, mais alinhados com o campo conservador, que estão
analisando o conjunto de abusos impostos ao partido e às suas
lideranças nos últimos anos no Brasil. Um relatório
com essa análise deverá ser publicado em breve,
informou Lindbergh.
Sobre
a projeção de figuras exóticas na política
nacional, como a do deputado federal Jair Bolsonaro, Lindbergh diz
se tratar de um fenômeno esdrúxulo. Ele citou a tese do
militar aposentado que defende salários menores para mulheres,
entre outras aberrações. “Nas redes sociais ele não
passa dos 9% de aceitação”, lembra o petista.
Mas
se diz receoso com a possibilidade de que os segmentos mais
conservadores lancem alguma figura de renome do judiciário,
com discurso anti-política, se colocando como “salvador da
pátria”.
O
parlamentar fez uma série de autocríticas, avaliando os
erros que o PT cometeu e que ocasionaram sua derrocada no cenário
político brasileiro atual. Inicialmente Lindbergh
disse que o PT poderia ter avançado no processo de politização
da sociedade, como o que ocorreu na Venezuela de Hugo Chaves.
O
partido, segundo ele, vacilou ainda nas estratégias de
comunicação. “O Brasil não tem um jornal de
circulação nacional mais sintonizado com o pensamento
de Esquerda. Poderíamos ter investido nisso já no
primeiro governo Lula, quando o presidente tinha quase 85%¨de
aprovação”, comentou. Outra avaliação
negativa de Lindbergh é em relação à
política de alianças que o PT adotou, que acabou por
jogar o partido numa rede de coalizões com forças
políticas de centro-direita.
Sacudida
Para
Lindbergh, o PT perdeu referências de base e caiu nas
armadilhas que o levaram a um “vazio parlamentar”. Para o
senador, que na década de 90 do século passado, liderou
o movimento da juventude nos protestos que ocasionaria o impeachment
do
ex-presidente Fernando Collor, o Partido dos Trabalhadores “está
envelhecido”.
Ele
disse, por mais de uma vez, que o PT precisa dar uma sacudida e
renovar suas lideranças, seus modelos, suas estratégias.
Defendeu ser necessário que o partido crie novos núcleos
de base para atrair, especialmente, os jovens. “Precisamos dar
autonomia aos coletivos da juventude para facilitar o espírito
de rebeldia típica dos jovens ativistas. Estamos vivendo um
momento em que não tem espaço para a covardia”,
asseverou.
Lindbergh
disse que esse ano o país pode entrar definitivamente num
processo de convulsão social ainda mais acirrada nunca visto
antes. “O povo brasileiro, a classe trabalhadora, os segmentos mais
pobres da sociedade conquistaram muita coisa nos governos do PT,
houve muita inclusão social, e não vão querer
perder tudo pacificamente”, ponderou o senador fluminense.
Farias
acrescentou que nos últimos meses ocorreu um aumento de 19% da
pobreza no Brasil. Lembrou que a questão previdenciária
e da seguridade social foram as bases do modelo de bem-estar social
na Europa e que só começou a ser efetivamente
implantado no Brasil depois do primeiro governo Lula.
Dedo
externo
Lindbergh
ainda tocou na tese da influência externa (leia-se,
estadunidense) na atual desestabilização da vida
política brasileira. Lembrou que em 64 o presidente Kennedy
estava pronto para autorizar uma intervenção militar
pouco antes do golpe militar. Também comentou que a principal
missão da quarta frota naval norte-americana seria garantir o
acesso dos EUA ao pré-sal brasileiro.
Sobre
a política econômica, Lindbergh
afirma que os atuais gerentes da economia nacional são “pouco
razoáveis”. Farias informa que apenas dois países no
mundo não taxam o lucro e as grandes fortunas: Brasil e
Estônia. Afirmou que o fechamento de agências do Banco do
Brasil, pelo governo Temer, não possui lógica de
mercado. “A agência do MAG Shopping, por exemplo, estava
dando lucro de mais de um milhão e oitocentos mil por mês”,
garante. Segundo o senador, o refluxo do Banco do Brasil atende
apenas interesses do setor bancário nacional que deverá
ocupar os espaços deixados pela instituição
bancária estatal.
Vereador
A
plenária com o senador Lindbergh
Farias acabou pontuando positivamente para o vereador Marcos
Henriques em seu primeiro mandato pelo PT em João Pessoa.
Desde setembro passado que a militância local não se
mobilizava com tanto entusiasmo para um evento promovido pelo
partido. A área de festas do sindicato ficou lotada com a
presença, inclusive, de lideranças de outros partidos
da Esquerda local. Acabou se transformando numa espécie de
confraternização esquerdista, onde não faltou
tietagens ao convidado ilustre.
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