quarta-feira, janeiro 11, 2017

LINDBERGH DEFENDE REQUIÃO PARA SUBSTITUIR CALHEIROS

Plenária atraiu lideranças do PT | Fotos: Dalmo Oliveira



Na visão do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), o melhor nome para a presidência do Senado Federal, em substituição a Renan Calheiros (PMDB-AL), é mesmo o de Roberto Requião (PMDB-PR). Defendeu o nome do paranaense durante evento ocorrido na noite desta terça, 10, no Sindicato dos Bancários, em João Pessoa (PB), onde passou alguns dias de férias.


Farias, que falou basicamente para uma plateia composta pela militância petista, de outros partidos de Esquerda e lideranças dos movimentos social e sindical, também criticou qualquer aliança do PT com partidos golpistas para a eleição da mesa-diretora da Câmara dos Deputados. “É um balde de água fria na nossa militância se, depois de tudo que ocorreu, nossa bancada apoiar Maia ou qualquer outro de partidos que patrocinaram o golpe na Presidenta Dilma. Pra mim o ideal é uma aliança com o André Figueiredo do PDT e outras legendas de centro-esquerda”, disse.

Diretas já!
Lindbergh fez uma ampla defesa de eleições diretas para presidência da República. “Eu estou convencido que não há outro nome no PT que não seja o Presidente Lula”, defendeu. Para ele, o PT deveria lançar a candidatura de Lula imediatamente para aproveitar o crescimento de 8% de intenções de votos para o ex-presidente, se a a eleição fosse hoje.

Na sua avaliação, o lançamento de uma pré-candidatura de Lula agora iria refrear de vez a sanha de seus adversários que buscam, a todo custo, indiciar o ex-presidente em primeira e segunda instância, impedindo juridicamente sua candidatura futura. Lindbergh fez questão de pontuar que um momento crucial do golpe ocorreu quando o ministro Gilmar Mendes (STF) impediu, sem qualquer base constitucional, a posse de Lula como ministro da Casa Civil nos últimos meses do governo Dilma.

O senador afirma que a atitude de Mendes foi uma demonstração clara do abuso de autoridade que assola o Poder Judiciário brasileiro. Disse que o PT conseguiu reunir para uma consultoria ad-hoc, um grupo de juristas, mais alinhados com o campo conservador, que estão analisando o conjunto de abusos impostos ao partido e às suas lideranças nos últimos anos no Brasil. Um relatório com essa análise deverá ser publicado em breve, informou Lindbergh.
Sobre a projeção de figuras exóticas na política nacional, como a do deputado federal Jair Bolsonaro, Lindbergh diz se tratar de um fenômeno esdrúxulo. Ele citou a tese do militar aposentado que defende salários menores para mulheres, entre outras aberrações. “Nas redes sociais ele não passa dos 9% de aceitação”, lembra o petista.

Mas se diz receoso com a possibilidade de que os segmentos mais conservadores lancem alguma figura de renome do judiciário, com discurso anti-política, se colocando como “salvador da pátria”.


Farias: "Não tem espaço pra covardia"
Mea culpa
O parlamentar fez uma série de autocríticas, avaliando os erros que o PT cometeu e que ocasionaram sua derrocada no cenário político brasileiro atual. Inicialmente Lindbergh disse que o PT poderia ter avançado no processo de politização da sociedade, como o que ocorreu na Venezuela de Hugo Chaves.

O partido, segundo ele, vacilou ainda nas estratégias de comunicação. “O Brasil não tem um jornal de circulação nacional mais sintonizado com o pensamento de Esquerda. Poderíamos ter investido nisso já no primeiro governo Lula, quando o presidente tinha quase 85%¨de aprovação”, comentou. Outra avaliação negativa de Lindbergh é em relação à política de alianças que o PT adotou, que acabou por jogar o partido numa rede de coalizões com forças políticas de centro-direita.

Sacudida
Para Lindbergh, o PT perdeu referências de base e caiu nas armadilhas que o levaram a um “vazio parlamentar”. Para o senador, que na década de 90 do século passado, liderou o movimento da juventude nos protestos que ocasionaria o impeachment do ex-presidente Fernando Collor, o Partido dos Trabalhadores “está envelhecido”.

Ele disse, por mais de uma vez, que o PT precisa dar uma sacudida e renovar suas lideranças, seus modelos, suas estratégias. Defendeu ser necessário que o partido crie novos núcleos de base para atrair, especialmente, os jovens. “Precisamos dar autonomia aos coletivos da juventude para facilitar o espírito de rebeldia típica dos jovens ativistas. Estamos vivendo um momento em que não tem espaço para a covardia”, asseverou.

Lindbergh deve retornar à Paraíba antes do Carnaval
Convulsão
Lindbergh disse que esse ano o país pode entrar definitivamente num processo de convulsão social ainda mais acirrada nunca visto antes. “O povo brasileiro, a classe trabalhadora, os segmentos mais pobres da sociedade conquistaram muita coisa nos governos do PT, houve muita inclusão social, e não vão querer perder tudo pacificamente”, ponderou o senador fluminense.

Farias acrescentou que nos últimos meses ocorreu um aumento de 19% da pobreza no Brasil. Lembrou que a questão previdenciária e da seguridade social foram as bases do modelo de bem-estar social na Europa e que só começou a ser efetivamente implantado no Brasil depois do primeiro governo Lula.

Dedo externo
Lindbergh ainda tocou na tese da influência externa (leia-se, estadunidense) na atual desestabilização da vida política brasileira. Lembrou que em 64 o presidente Kennedy estava pronto para autorizar uma intervenção militar pouco antes do golpe militar. Também comentou que a principal missão da quarta frota naval norte-americana seria garantir o acesso dos EUA ao pré-sal brasileiro.

Sobre a política econômica, Lindbergh afirma que os atuais gerentes da economia nacional são “pouco razoáveis”. Farias informa que apenas dois países no mundo não taxam o lucro e as grandes fortunas: Brasil e Estônia. Afirmou que o fechamento de agências do Banco do Brasil, pelo governo Temer, não possui lógica de mercado. “A agência do MAG Shopping, por exemplo, estava dando lucro de mais de um milhão e oitocentos mil por mês”, garante. Segundo o senador, o refluxo do Banco do Brasil atende apenas interesses do setor bancário nacional que deverá ocupar os espaços deixados pela instituição bancária estatal.

Vereador

A plenária com o senador Lindbergh Farias acabou pontuando positivamente para o vereador Marcos Henriques em seu primeiro mandato pelo PT em João Pessoa. Desde setembro passado que a militância local não se mobilizava com tanto entusiasmo para um evento promovido pelo partido. A área de festas do sindicato ficou lotada com a presença, inclusive, de lideranças de outros partidos da Esquerda local. Acabou se transformando numa espécie de confraternização esquerdista, onde não faltou tietagens ao convidado ilustre. 

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