COMUNICADO PÚBLICO
Ao completar onze anos de filiação ao Partido dos Trabalhadores (PT) na Paraíba, comunico a decisão de me retirar de suas fileiras em caráter definitivo. Os motivos são vários, mas pesa, sobejamente, a situação atual de governança instalada desde a chegada à presidência da legenda do atual mandatário do Diretório Estadual. Despreparado, desagregador e autoritário, trata-se de uma “liderança” extremamente subserviente às diretrizes fisiologistas do Diretório Nacional do partido, uma figura que é, tão somente, o típico carreirista burocrático partidário, adestrado pelo Baixo Clero das Tendências mais autocráticas, que tornaram o PT uma espécie Soviet supremo, deslocado e fora de época, com os piores ranços de um trotskismo arcaico, obsoleto e autofágico.
Não era pra ser assim! O PT que conheci, nos anos 80’s do século passado, atraia a juventude universitária prometendo ser algo diferente, uma construção coletiva e coletivizada. Um partido que tinha como ideólogos um Paulo Freire, uma Luíza Erundina, um Frei Betto, Darcy Ribeiro e tantos outros pensadores e pensadoras brilhantes. Foi-se degradando, se burocratizando e perdendo suas características mais libertárias e inovadoras.
O desrespeito às minorias sempre será o erro crasso dos centralistas. Lembro-me, perfeitamente do processo que culminou (praticamente) na expulsão do ex-governador Ricardo Coutinho em meados dos anos 90’s. Atitudes que afastaram outras lideranças Brasil afora, como Erundina, Cristóvão Buarque e Marina Silva.
Na Paraíba, com a conquista dos primeiros mandatos eletivos e depois com as cadeiras do Executivo na capital e no Palácio da Redenção, o partido foi vendo ser gestadas a primeiras levas dos chamados “militantes profissionais” que passaram a dominar “democraticamente” as principais instâncias decisórias do partido, afastando as lideranças mais orgânicas. Quando ingressei no PT esse processo já estava cristalizado.
De toda maneira, ainda era no interior do partido que podíamos pensar e propor políticas públicas para o conjunto da sociedade paraibana e, talvez até, brasileira. Mas havia outro inimigo oculto infiltrado: a cooptação de ativistas livres e o aparelhamento dos organismos populares do controle social.
A luta intestina das Correntes, o foco exclusivo no processo eleitoral, o “autismo” em relação às autênticas demandas das bases sindicais e populares, o sufocamento da democracia radical, o deslumbramento com as benesses do Poder, a promiscuidade ideológica nos relacionamentos e acordos com setores à Direita são algumas das distorções programáticas que levam o PT à vala comum dos partidos convencionais e conservadores.
É para não continuar compactuando com esse estado de coisas que saio agora, aproveitando a “volta dos que não foram”, dos que traíram nossos eleitores e suas próprias consciências e biografias. Infelizmente (ou felizmente) meu estômago não suporta a farsa, a dissimulação. Talvez seja ingenuidade minha, mas não serei conivente com os oportunistas em pele de cordeiro.
Hasta siempre! para companheiras e companheiros que, por diversos (e sinceros) outros motivos seguem nesse barco.
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