Não estava na programação oficial, mas acabei participando de três momentos diferentes da programação do 7º Congresso de Ciências da Comunicação na região Nordeste (Intercom Nordeste 2010), nos dias 11 e 12, na cidade de Campina Grande. Na sexta-feira, 11, a partir das 9h30, integrei como debatedor o painel “Protagonismo juvenil na mídia regional e nacional”.
Tendo como mediador meu ex-orientador de monografia da graduação, Moacir Barbosa de Sousa (UFRN), o painel contou também com as professoras Doutoras Nelia Rodrigues Del Bianco (UnB) e Silvia Garcia Nogueira (UEPB), reunindo um público atento no Salão Circular do Centro de Convenções Raymundo Asfora.
De forma um tanto quanto improvisada, foquei minha fala em dois tópicos centrais: 1) Juventude & Comunicação comunitária; 2) Mídia étnicorracial & protagonismo da juventude negra.
Inicialmente é preciso observar que nos últimos anos, especialmente, no período de gestão do governo Lula, ocorreu um fomento visível às políticas públicas para o segmento da juventude, entre as quais se destacam projetos como Pro-Uni. É nesse período também que as universidades públicas nacionais passam a adotar de forma mais incisiva mecanismos de reserva de vagas para o ingresso no ensino superior, beneficiando jovens oriundos do ensino público, de famílias de baixa renda e jovens negros. Sem esse tipo de incentivo ficaria difícil fomentar o protagonismo vivido pela juventude na atualidade brasileira.
Por outro lado, parece-nos evidente observar que há uma certa sinergia entre a dinâmica juvenil e o fazer comunicacional, ainda mais numa atualidade em que as novas tecnologias da comunicação estão cada vez mais acessíveis. Cada vez mais falantes, cada vez mais interativos, os jovens procuram a Comunicação como uma espécie de extensão de suas facilidades em assimilar os novos tempos e desafios.
A busca por atividades profissionais ou amadoras no campo da Comunicação tem sido cada vez mais uma opção prioritária da juventude. No painel eu contei uma experiência que ocorreu comigo mesmo: quando eu completei 16 anos minha tia Neves Oliveira chegou para mim e inquiriu “Tá na hora de você arrumar um emprego. Eu tenho um amigo que trabalha na Rádio Cultura e outro que é gerente numa loja de tecidos. Qual desses lugares você prefere?”. Evidentemente escolhi a primeira opção e por isso escolhi o vestibular para Comunicação Social.
Noutro aspecto, destaquei o protagonismo dos jovens na chamada comunicação comunitária, notadamente no que diz respeito às rádios, especialmente pelo fato de ter iniciado nos últimos anos uma militância mais orgânica através da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária na Paraíba (ABRAÇO-PB).
Tenho percebido a presença majoritária da juventude no movimento de RadCom, fundamentalmente, nas comunidades em que o Ministério da Comunicação ainda não deu a concessão para o funcionamento das emissoras comunitárias. No ano passado, por exemplo, participei de um evento organizado pela ONG Catavento, com sede no Ceará, que reuniu cerca de 40 comunicadores comunitários paraibanos em João Pessoa. Me surpreendeu o nível de comprometimento dos jovens com o tema-foco da oficina, o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Por fim, toquei rapidamente num tema que tem se tornado cada vez mais caro para mim: a mídia étnicorracial como espaço para o exercício da cidadania da juventude afrodescendente. Pude me convencer disso durante a primeira Conferência de Comunicação, dezembro passado em Brasília.
Participei do evento como observador extra-oficial, atuando mais ativamente no GT 15, cujo eixo-temático foi “Cidadania: Direitos e deveres”, com tema “Respeito e promoção da diversidade cultural, religiosa, étnicorracial, de gênero e orientação sexual”. O protagonismo de jovens militantes foi decisivo para a aprovação de propostas como a “Criação de um programa de comunicação para a juventude negra, que ofereça espaço e capacitação na área de produção e reflexão sobre atividades midiáticas e audiovisuais, além de editais para o financiamento de equipamentos necessários à atividade de comunicação”.
Cresce também o número de veículos de comunicação (e de organizações não-governamentais) diretamente vinculados à questão da promoção da igualdade racial, como o jornal Ìrohín, o Nosso Jornal, o Instituto de Mídia Étnica, o Instituto Steve Biko e as Comissões de Jornalistas pela Promoção da Igualdade Racial (Cojiras).
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